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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Como orientar crianças e adolescentes a perder peso?


A crescente epidemia de obesidade atinge de forma bastante grave a infância e adolescência. No Brasil o excesso de peso infantil triplicou nos últimos 20 anos, hoje estima-se que 30% das crianças e adolescentes brasileiros estejam acima do peso. Junto com esses números, acompanhamos em paralelo o aumento de doenças de adultos cada vez mais presente nas crianças como o diabetes tipo 2, pressão alta e até mesmo gordura no fígado.

Esses dados alarmantes mudaram a forma de tratar esse grupo e ainda representam um grande desafio para os profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento. Atualmente, sabemos que o excesso de peso pode influenciar negativamente o desenvolvimento adequado das crianças e pode, inclusive, antecipar a puberdade. Todo esse conhecimento trouxe a confiança de recomendar dietas com privação calórica. Mas esse é um processo que exige cautela. A restrição de energia deve ser adequadamente calculada para que as crianças recebam energia suficiente para garantir seu crescimento. Essa é uma fase em que dietas da moda ou sem orientação médica e nutricional podem comprometer a saúde de forma irreversível, influenciando o desempenho cognitivo e estatura final.

O desafio maior está em conseguir alimentar adequadamente crianças e adolescentes. Essa é uma fase da vida onde os hábitos alimentares ainda não estão completamente formados e, o pior, alguma crianças tem como hábito o consumo de alimentos altamente calóricos, ricos em açúcar ou sal e com muita gordura. Um paladar construído a partir de sinalizações tão intensas não consegue mudar rapidamente. Esse já é um processo difícil para adultos que tem a compreensão real dos riscos, para crianças que não entendem esse conceito de saúde, e ainda, para adolescentes naturalmente rebeldes, é praticamente impossível recriar novos hábitos. O que torna o processo de emagrecimento muito mais difícil para crianças e adolescentes do que para adultos.

Nessa fase da vida as negociações são mais importantes. Não se deve proibir as chamadas ”fast foods”, mas devemos negociar quantas vezes na semana é possível consumir tais alimentos. Assim como, não se deve obrigar o consumo de frutas e verduras, mas criar um vínculo capaz de fazer com que pelo menos uma vez por semana esses alimentos façam parte da dieta regular. Como essa é uma fase de crescimento estatural, que contribui muito para o alcance do peso ideal, pode-ser ter muito mais concessões alimentares, facilitando o seguimento do tratamento.

Não são tarefas simples, é preciso habilidade para lidar com esse público e a adesão familiar é fundamental para que, aos poucos, o jovem possa mudar seu comportamento alimentar. Quando há uma criança em tratamento em casa, mesmo que haja outras com peso normal, a regra alimentar deve sempre ser baseada na dieta privativa. Todos, inclusive os pais, devem passar pelas mesmas privações. Isso significa que toda a família está em tratamento, não apenas a criança. Esse talvez represente o maior desafio dos profissionais de saúde, convencer os familiares que eles também precisam mudar seus hábitos.

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